20 novembro 2008

Princípio e Conveniência

Princípio, como a própria palavra já esclarece, é o começo.
Por isso quando se fala em princípios, fala-se do início de qualquer coisa, situação, sentimento. E inicio é só isso mesmo: o começo de tudo.
Depois é outra história. Quando a conveniência entra no jogo, os princípios passam a ser relativos. Depende do que está em voga. Se forem sentimentos, os princípios tornam-se, de repente, tão relativos e flexíveis, que até parece que nos tornamos outras pessoas. Mesmo que acometidos pelo sentimento de culpa, desviamos do "caminho correto" e cometemos erros nunca cogitados. Os mesmos que até pouco tempo condenávamos de forma convicta.
Se a libido estiver em questão, aí é que o bicho pega mesmo. Cegos de desejo. esquecemos todas as boas lições aprendidas e partimos para a entrega total, sem pensar em qualquer mal ou consequência possível.
Até parece um pensamento super masculino, mas todo mundo faz isso. Condena, sem sequer se colocar no lugar do outro, tentar entender seus motivos ou, simplesmente, manter-se neutro, sem julgamentos ou opiniões.
O outro é um caixinha de surpresas, assim como nós mesmos o somos. Partir dessa premissa já é um bom começo pra prevenir-se de ter que abaixar a cabeça ao perceber em si mesmo as fraquezas condenadas no outro.
Nestes casos, ser sincero com o próprio coração é a melhor forma de agir. Para não julgar, para não cair na hipocrisia, para não ser dono da verdade, para não decidir somente segundo os próprios interesses mudando as regras de acordo com sua conveniência.
Nossas verdades costumam ser mais assustadoras do que podemos imaginar. Saber disso é o melhor remédio contra o pré-conceito que se faz das atitudes de outrem.
Ademais, esse lance de "faça o que eu digo, não faça o que eu faço" já não funciona mais neste mundo em que todos são vigiados o tempo todo. Pense nisso...


Dica do dia: "Temos dois ouvidos e apenas uma língua. Portanto, devemos ouvir mais e falar menos." (Ops! Esqueci o nome do autor)

11 novembro 2008

Papai-mamãe: a surpresa!

Criei-me (não fui criada, que isso fique bem claro!) num ambiente extremamente conservador. A hipocrisia em relação a assuntos que deveriam ser corriqueiros era tamanha ,que não sei explicar como sobrevivi por tanto tempo, dada a minha essência mais liberal.
Pois o meu mundo, confortavelmente ingênuo, começou a mudar depois daquele dia.
Saudosa, resolvi visitar os meus pais. E como gostava de vê-los correndo felizes pra me atender, cheguei fazendo barulho com os típicos "manhê" e "paiê". Portas destrancadas, luzes acesas e ninguém veio me atender.
Estranhei o silêncio. Principalmente por ter sabido pela minha irmã que eles estavam em casa sozinhos. Nem mesmo a televisão fazia barulho na hora da novela preferida de minha mãe. Continuei chamando e fui entrando. Casa pequena, cheguei logo onde estavam. Daí por diante, é impossível narrar com exatidão o que se sucedeu.
Mamãe, com olhos arregalados, murmurou um "oi filha" que não poderia ser mais desconcertado. Papai sorriu com aquela cara de criança que pega o brigadeiro antes da hora na festinha do vizinho.
Meio confusa, demorei a entender e perceber tudo ao meu redor. Na saudade e na vontade de ver o papai e a mamãe, quase presenciei o papai-mamãe dos dois. Enquanto minha mãe, que nunca falou sobre sexo comigo, mas sempre deu a entender que achava errado, tentava contornar a situação, eu tive tempo (pouco) para pensar e me situar na cena que poderia ter sido traumatizante.
De início, eu me senti culpada. Putz! A família é grande, a casa é pequena e eles raramente podem ficar a sós. Provavelmente, eu tinha interrompido a única transa sossegada do mês.
Também senti alegria. Afinal, depois de quinze anos, cinco filhas e uma série de problemas de todo tipo, eles ainda se amavam. E saber disso me fez muito bem...
Trilhei rapidamente meu caminho de volta (como se isso fosse possível! KKK.) e fiquei pensando na minha terceira sensação. Essa foi a mais perturbadora e, com certeza, mais libertadora no que seria, mais tarde, a minha vida sexual. Papai e mamãe eram boas pessoas e também faziam aquilo.
Rsrsrsrs...