24 novembro 2011

REFLETINDO SOBRE ENCONTROS VIRTUAIS...

                                                 


Ao alcance de um clique.

Tempos atrás, numa das minhas noites insones, conheci um garoto e após sete horas ininterruptas de conversa senti como se o conhecesse há anos. Éramos parecidos em muitas coisas e, numa noite sem nada pra fazer, ele foi a companhia agradável que me faltava pra enfrentar a solidão que é estar acordada enquanto as pessoas dormem.
Iniciada em mais uma forma de encontrar pessoas, arrisquei-me neste universo sem fronteiras que a Internet cria. Um universo em que as distâncias praticamente não existem e onde tudo parece estar ao alcance de um clique. Digitar em vez de falar me pareceu extremamente fácil e por comodidade mergulhei na Internet conhecendo pessoas, trocando informações e compartilhando ideias.
Hoje, já inserida definitivamente neste meio em que as pessoas podem ser o que quiserem e familiarizada com as possibilidades, muitas questões me ocorrem. Relacionar-se na era digital tem parecido cada vez mais fácil. Com a redução das distâncias e a incrível velocidade com que a informação circula no planeta, ficar sem companhia parece coisa de gente desatualizada. 
Prova disso é a grande popularidade de redes sociais, sites e programas de chats e encontros virtuais. Mas o que existe por trás dos relacionamentos virtuais? Quais são os reais motivos que levam as pessoas a optarem pela rede como ponto de partida? Quais as vantagens e os riscos de se relacionar com pessoas, a princípio, totalmente desconhecidas?
Relacionamento virtuais tornam-se cada vez mais populares.
Há quem não dê o braço a torcer e torça o nariz para qualquer tipo de contato que tenha começado no mundo virtual. Há quem não compreenda como é  possível ser amigo ou se apaixonar por alguém que nunca se viu. Os adeptos dessa prática tem seus motivos pra defendê-la e difundi-la.
O virtual atrai por "ene" motivos. O primeiro deles, penso eu, é a comodidade de poder conversar com alguém sem precisar sair de casa. É econômico, seguro e sem toda aquela tensão que se nota em grandes boates, bares, festas e pontos de encontro. Fazer amigos ou encontrar um par pode ser assustador num mundo em que as pessoas parecem cada vez mais superficiais, fúteis e volúveis.
Existe também a questão de que virtualmente diminui-se muito o erro, uma vez que em certas ocasiões é permitido escolher parceiros compatíveis verificando preferências e ideias listadas num perfil. Isso, com certeza, facilita o encontro de pessoas que têm mais em comum . Corre-se um risco menor de se aproximar de pessoas cujos ideais e princípios não estão sintonizados com os nossos. Falando assim, pode parecer como se as pessoas fossem mercadorias numa gôndola de supermercado. Mas a verdade é que estamos sempre selecionando o que mais nos agrada e poder socializar com pessoas parecidas  diminui consideravelmente as decepções de escolher um alguém muito diferente de nós.
A facilidade de encontrar pessoas compatíveis.
Parece também mais fácil mostrar mais de nossa própria personalidade a uma pessoa que não está perto o tempo todo. Tenho amigos virtuais que me conhecem melhor que os reais e isso me leva a crer que desabafar com um completo desconhecido pode ser melhor do que se submeter aos olhares e julgamentos de quem já nos conhece há anos. O mesmo vale para a pessoa do outro lado, que  se mostra mais, sem jogos de conquista ou esconde-esconde e nos parece mais humana e próxima de nós.
Há que se considerar também as desvantagens  dos contatos virtuais (e elas são muitas pra quem não se preserva!). Sendo a Internet um terreno onde não se pisa concretamente, é complicado saber o que realmente se passa na outra extremidade da conexão.
Perfis falsos que confundem.
Informações falsas, perfis que não condizem com a realidade e pessoas interessadas somente em encontros sexuais, podem ser uma pedra no sapato das pessoas que pretendem relações com conteúdo, sejam elas fraternas ou amorosas. O sexo virtual, apesar de estar entre as vantagens pra quem está à procura de encontros descompromissados,  pode ser uma cilada e tanto quando não se observam as regras básicas de exposição e utilização de hardwares (webcam, microfones...).
Sexo rápido e fácil.
Fato é que pessoas indignas de confiança e inescrupulosas existem aos montes andando por aí, mas protegidas pelo anonimato ou por pseudônimos, elas podem ser inconvenientes (quando mentem indiscriminadamente sobre informações pessoais) ou até perigosas (quando extravasam comportamentos descritos em livros de psicopatologias). Pedófilos tem mais liberdade, obsessivos e tarados  também. Portanto, cuidado é a palavra de ordem antes de ligar a câmera ou antes de compartilhar fotos comprometedoras. Afinal, por mais que se confie e por mais que o tesão pela novidade seja grande e real, há que se considerar o fato de ainda ser uma pessoa desconhecida do outro lado.
Tudo depende da forma como se utiliza. A Internet pode ser ferramenta  de grande utilidade, desde que o usuário não se desligue de seus princípios e saiba usufruir dela com a mesma cautela e responsabilidade com que age fora da rede.
Acima de tudo, as pessoas podem ser mais felizes e bem sucedidas se se pautarem pelos princípios de sempre. A moral e a ética não mudam nem variam só porque mentiras não podem ser fácil ou rapidamente desmentidas ou confirmadas.  A lei ainda é limitada no que se refere aos crimes virtuais, mas há progressos e a impunidade tem reduzido de forma gradativa e substancial.
A interação concreta ainda não pode ser substituída.
Importante mesmo é, apesar dos atrativos do mundo virtual, não usá-lo como forma exclusiva de interagir.  Particularmente, penso que nada substitui a interação convencional.  Conhecer alguém pela Internet pode ser uma forma de evitar a superficialidade, mesmo que muitos ainda pensem que o mundo virtual é coisa de nerd  feio e recalcado que não consegue se relacionar no mundo real. Mas nada substitui realmente a interação concreta. Olhares, risadas, cheiros, contato físico e afins ainda são essenciais na continuidade de qualquer tipo  de relacionamento.
O caso descrito no primeiro parágrafo não foi bem sucedido, porque depois de algumas semanas de mensagens e horas conectados pela rede, o tal garoto, que me parecia super legal, sumiu sem deixar vestígios. Mas tenho inúmeros amigos que conheci pela Internet. Alguns por causa da distância ainda são exclusivamente virtuais. Outros já mudaram de plano e fazem hoje parte dos meu contatos concretos e do meu cotidiano. Tive namorados que conheci pela Internet e que se mostraram pessoas maravilhosas pessoalmente. Tive relacionamentos à distância que só se sustentaram  e duraram por causa da facilidade em manter o contato frequente.
Vejo a rede como ferramenta adicional. E só! Enxergo preconceito em relação a esse tipo de encontro, mas comprovo a cada dia que as pessoas, às vezes, só precisam da oportunidade de estarem em contato pra fazerem o resto. E pra quem pensa que no virtual é tudo superficial, eu recomendo um teste ou uma investida neste meio para que se tenha mais respeito  com quem consegue usar a Internet como forma de ampliar horizontes a um custo muito reduzido.
Não é todo dia que se pode viajar e ver pela primeira vez alguém que devia ter estado ao seu lado a vida toda. Com a Internet é possível fazer isso todos os dias.
Horizontes nunca são em demasia.

 
"Quem conhece pela escrita, se apaixona pela alma".








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3 comentários:

Sandra, Vera Eunice e Gláucia disse...

Adorei seu texto!Demaiiissss!!!!

Bruno Block disse...

Graças a internet, tive o privilégio de fazer parte do seu mundo, mesmo que por pouco tempo. E digo "pouco tempo" por enquanto, pois o mundo não parou de girar e quem sabe num desses giros a gente se esbarre de novo!!! Minha proposta de sociedade sempre estará de pé!!!
Beijos, Super Jay!!!

Jay disse...

O Mundo gira mesmo, Tabaco! E nós ainda vamos trabalhar juntos, com certeza! Beijão!